'Absurdo', dizem passageiros obrigados a descer de ônibus durante greve surpresa em Manaus
11/09/2025
(Foto: Reprodução) Rodoviários fazem greve surpresa e deixam passageiros sem transporte em Manaus
A greve surpresa dos rodoviários na tarde desta quinta-feira (11) causou transtornos em diversos pontos de Manaus. Sem aviso prévio, ônibus foram recolhidos às garagens, deixando passageiros no meio do caminho sem transporte público.
Ainda não há estimativa de quantas e quais linhas foram afetadas. Logo após o início da paralização, o Sindicato dos Rodoviários determinou que os ônibus fossem recolhidos às garagens.
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Na Zona Norte, a doméstica Meire Silva relatou a dificuldade para voltar para casa:
“Vou ter que pegar um mototáxi. Não é possível. A gente vai ter que dar um jeito, mas estou cheia de coisas pra fazer e isso nem foi avisado. Simplesmente pararam e a gente que se vire”, disse.
Na Zona Norte, a doméstica Meire Silva relatou a dificuldade para voltar para casa.
Catiane Moura/Rede Amazônica
O aposentado José Manoel também criticou a paralização: “Não sabia dessa greve. Acho uma palhaçada. Um absurdo. Isso era pra ser programado, anunciado. Agora, pela tarde, pega as pessoas de surpresa. Como volta pra casa? Vou ter que ir pra casa de aplicativo”, disse.
Já no Centro da cidade, a situação não foi diferente. A dona de casa Laura Tavares, que estava a caminho de um cartório, desabafou sobre o impacto da paralisação:
“Estou achando desrespeitoso isso. Aqui tem pai, mãe de família, estudantes, pessoas que pagam suas passagens. É um absurdo.”
A greve não tem prazo para terminar, e ainda não há estimativa oficial de linhas paralisadas. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) informou que cerca de 480 mil pessoas utilizam o transporte coletivo por dia.
A categoria reivindica o pagamento do salário referente a agosto, que está atrasado. De acordo com eles, os valores deveriam ser depositados no quinto dia útil, que foi segunda-feira (8), mas até esta quinta-feira não foi efetuado.
Em nota, o Sinetram informou que aguarda a liberação dos valores relativos ao passe livre estudantil por parte do Governo do Amazonas para que o dinheiro seja repassado às empresas e os pagamento dos salários atrasados sejam feitos.
O g1 solicitou posicionamento ao Governo do Amazonas e à Prefeitura de Manaus sobre as reivindicações da categoria e o prazo para o repasse da verba. Veja abaixo as íntegras das notas enviadas pelos órgãos sobre o impasse que provocou a greve dos rodoviários.
Leia abaixo as íntegras das notas do Governo do Amazonas e da Prefeitura de Manaus sobre o impasse que provocou a greve dos rodoviários.
O que diz o Governo do Amazonas sobre a greve:
O Governo do Amazonas esclarece que o Estado não possui qualquer responsabilidade pelo atraso no pagamento de salários dos trabalhadores do transporte coletivo de Manaus, não sendo verdadeira a informação de que os direitos trabalhistas desses profissionais estão em atraso por falta de repasse dos respectivos valores.
A relação do Estado com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) é limitada à aquisição de passes estudantis, não cabendo ao Estado responder por obrigações trabalhistas, que são de responsabilidade exclusiva das concessionárias do transporte coletivo e, em última análise, do próprio poder concedente, o Município de Manaus.
Em agosto deste ano, o Estado do Amazonas depositou o valor destinado à compra das meias-passagens estudantis, contudo, o Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública, em 3 de setembro, rejeitou o depósito judicial e determinou a devolução à Fazenda Estadual, após indicação de conta bancária, tendo sido o recurso devolvido apenas nesta quinta-feira (11).
A transferência dos valores para a conta indicada já está em fase de tramitação, e a demora na resolução da questão só pode ser atribuída à desorganização do próprio Sinetram e da Prefeitura de Manaus, que informaram contas bancárias distintas para a realização do pagamento, além da ausência de certidões negativas do Sindicato, atrapalhando o regular processo de liquidação de despesa.
O Governo do Amazonas precisou ingressar na Justiça para assegurar o pagamento do Passe Livre dos alunos da rede estadual de Manaus, após o Sinetram se recusar a receber os valores, alegando que o isso só poderia ser feito caso a Prefeitura de Manaus autorizasse.
Por fim, o Governo do Amazonas reforça o seu respeito com os trabalhadores do transporte rodoviário de Manaus e com o direito ao Passe Livre dos estudantes da rede estadual de ensino e lamenta que inverdades estejam sendo usadas para camuflar problemas administrativos e orçamentários que nada têm a ver com o Poder Executivo Estadual.
O que diz a Prefeitura de Manaus sobre a greve:
A Prefeitura de Manaus, por meio do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), esclarece que a paralisação dos rodoviários, nesta quinta-feira, 11/9, não foi provocada por débitos da gestão municipal. Todos os pagamentos de responsabilidade da prefeitura estão quitados até setembro.
O repasse de subsídios, tanto estadual quanto municipal, é essencial para manter o equilíbrio financeiro do sistema e permitir que as empresas honrem seus compromissos, inclusive trabalhistas.
Para assegurar a continuidade do serviço e evitar prejuízos à população, o IMMU oficiou a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), solicitando que os valores referentes ao transporte dos estudantes da rede estadual, atualmente em processo judicial, sejam repassados diretamente ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram).
Cabe ao Sinetram, representante das empresas operadoras, efetuar o repasse às companhias responsáveis, garantindo o pagamento aos trabalhadores e a regularidade do serviço.
A Prefeitura de Manaus reafirma que cumpre rigorosamente suas obrigações, atua com transparência e seguirá defendendo tanto os trabalhadores do transporte quanto a população que depende diariamente do sistema coletivo.
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Catiane Moura/Rede Amazônica