Golpe com IA: suspeitos usavam rostos clonados para financiar carros em nome de vítimas no Amazonas
11/09/2025
(Foto: Reprodução) Operação Holograma
Divulgação/PC-AM
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) apresentou nesta quinta-feira (11), em Manaus, os resultados da Operação Holograma. A ação prendeu integrantes de uma quadrilha que aplicava golpes milionários usando inteligência artificial para clonar rostos. É o primeiro caso no estado envolvendo falsificação de biometria facial.
De acordo com PC, a investigação começou há cerca de dois meses após denúncias feitas ao 1º DIP. As vítimas descobriram que carros novos haviam sido financiados em seus nomes, sem autorização ou conhecimento.
A operação foi realizada ao longo da semana com apoio de equipes da Polícia Civil de São Paulo e de Minas Gerais. Participaram o Grupo de Operações Especiais (GOE), a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), a Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), em Ribeirão Preto (SP), e a Delegacia Regional de Uberlândia (MG).
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A polícia então buscou informações com os bancos que liberaram os financiamentos. A análise apontou que os documentos usados eram falsos e provavelmente criados com ajuda de inteligência artificial.
“No curso da investigação, reunimos vídeos e imagens usados para liberar os financiamentos. A perícia do Departamento de Inteligência e Polícia Judiciária (DIPJ) concluiu que cerca de 99% dessas imagens foram criadas com inteligência artificial, em uma técnica chamada ‘plástica digital’. Também descobrimos que as biometrias faciais das vítimas foram clonadas”, disse o delegado Cícero Túlio.
A investigação também revelou como o grupo usava os dados obtidos. Os suspeitos acessavam bancos de dados abertos e redes sociais para coletar fotos e documentos das vítimas. Com esse material, criavam hologramas em plataformas de inteligência artificial que imitavam o rosto das pessoas.
Depois, procuravam concessionárias que ofereciam financiamento online. Na etapa de videochamada, usavam os hologramas para se passar pelas vítimas e conseguir o crédito. Os carros comprados eram enviados para São Paulo, principalmente para Ribeirão Preto, e também para Uberlândia (MG).
Prisões
Com as provas reunidas, a polícia pediu três mandados de prisão — dois preventivos e um temporário — e quatro de busca e apreensão. Em Ribeirão Preto, foram presos preventivamente um homem de 38 anos e uma mulher de 32. Ela era responsável por retirar os veículos no Amazonas e enviá-los a outros estados. Em Uberlândia, uma mulher de 29 anos foi presa temporariamente. Ela já responde por tentativa de homicídio em 2016.
A polícia apreendeu três carros novos, além de computadores, celulares e documentos usados no golpe. O material será analisado novamente para identificar outros suspeitos.
“Há sinais de que os suspeitos tenham ligação com uma organização criminosa do Sudeste. Não descartamos que os veículos seriam usados para transportar drogas de forma escondida”, afirmou o delegado.
Procedimentos
Os presos passaram por audiência de custódia em suas cidades e seguem à disposição da Justiça. Eles vão responder por estelionato, associação criminosa, falsificação de documentos e falsidade ideológica.