Massacre do Rio Abacaxis: PF indicia 13 pessoas por mortes e abusos contra ribeirinhos e indígenas no AM
07/05/2025
(Foto: Reprodução) Após quatro anos de investigação, Polícia Federal identificou policiais militares envolvidos em homicídios, tortura e outras violações de direitos humanos no interior do Amazonas. Onda de violência é registrada na região do Rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte, no Amazonas.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
A Polícia Federal (PF) concluiu as investigações sobre o chamado "Massacre do Rio Abacaxis", que resultou em oito assassinatos e diversos abusos cometidos por policiais militares estaduais contra ribeirinhos e indígenas nos arredores do rio Abacaxis, nos municípios de Borba e Nova Olinda do Norte, no interior do Amazonas. O caso ocorreu em agosto de 2020.
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Na época, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e a Polícia Militar deflagraram uma operação batizada de “Lei e Ordem” na região. Durante a ação, policiais militares teriam praticado uma série de abusos, como ameaças, tortura, invasão de domicílio e homicídios.
Após quatro anos de investigação, a Polícia Federal indiciou 13 pessoas e identificou os responsáveis pela coordenação e execução dos oito homicídios contra indígenas e ribeirinhos.
A PF informou ainda que duas autoridades comandaram as graves violações de direitos humanos e atuaram para impedir a atuação de agentes públicos de outras instituições, além de garantir a impunidade dos 11 executores.
Os indiciados vão responder por homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, destruição, subtração ou ocultação de cadáver, vilipêndio a cadáver, constituição de milícia privada, fraude processual e tortura.
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Em abril de 2023, o ex-secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, e o coronel da Polícia Militar, Airton Norte, foram indiciados pelos agentes federais por envolvimento na chacina.
À época, Bonates era o secretário de Segurança Pública do Amazonas, quando os policiais militares fizeram a operação com mais de 50 homens na região de Nova Olinda do Norte.
A investigação da Polícia Federal concluiu que a tropa, sob o comando do coronel Norte, invadiu casas sem ordem judicial, torturou moradores e assassinou cinco pessoas, entre indígenas e ribeirinhos, na região do Rio Abacaxis.
O grupo também seria responsável pelo desaparecimento de outras duas pessoas. Segundo a investigação, os corpos foram jogados no Rio Abacaxis, que corta o município.
Ainda em junho do ano passado, a Polícia Federal fez uma operação em Nova Olinda do Norte para cumprir mandados contra envolvidos no "Massacre do Rio Abacaxis". Um hotel, usado por policiais militares para torturar uma das vítimas, e uma casa, que pertencem ao mesmo empresário, foram alvos dos agentes.
O caso
Em julho de 2020, o então secretário executivo do Governo do Amazonas, Saulo Rezende Costa, foi baleado no braço após tentar entrar com uma lancha particular em uma área proibida para pesca esportiva, em Nova Olinda do Norte.
Dias depois, quatro policiais militares à paisana foram até o local na mesma lancha para prender os atiradores. Houve confronto e dois policiais morreram.
Na época, o Governo do Amazonas anunciou uma grande operação na região. Bonates e Norte foram a Nova Olinda do Norte com o objetivo de desarticular a quadrilha que aterrorizava os moradores.
Ao menos cem famílias de onze comunidades relataram ter sofrido tortura para revelar o paradeiro dos assassinos dos policiais.
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Derick Silva/Rede Amazônica